Deu a louca no twitter de Marc Jacobs

Na última sexta-feira, 25/03/2011, o twitter de Marc Jacobs enlouqueceu. Mensagens em tom de desabafo criticavam o sócio e CEO da marca, Robert Duffy, chamando-o de tirano. É óbvio que segundos depois a notícia se espalhou, com fashionistas do mundo todo comentando o caso. Alguns sites brasileiros noticiaram, inclusive, que a conta do twitter teria sido invadida por um ex-funcionário, mas não foi o que aconteceu.

Para entender melhor toda a história, é preciso retrocoder até o ano passado, época em Duffy ainda assumia pessoalmente a postagem do twitter de Marc Jacobs. E expunha detalhes por vêzes constrangedores, como o fato de, a poucos dias do ínicio da semana de moda de Nova York, ainda não ter definido alguns aspectos do desfile.

Depois disso, houve uma seleção de candidatos para o posto de tuiteiro oficial, mas parece que nenhum dos 50 entrevistados agradou o executivo. Por isso, um estagiário da empresa foi designado para a função. Depois de assumir a indesejada função e aguentar sabe-se lá que tipo da pressão e cobrança, o rapaz resolveu soltar o verbo e apertar a tecla Tweet!

Apesar do caso ser divertido para quem estava assistindo ao bafafá na arquibancada da internet, a indiscrição do rapaz sinaliza a relativa (des)importância que os executivos dão às ferramentas das redes sociais. Como esse tipo de comunicação é recente e aparentemente simples, é muito comum que dirigentes de empresas deleguem a tarefa a “qualquer um”, esquecendo que a ferramenta agrega milhares de seguidores, capazes de multiplicar uma notícia em instantes. Como diria aquela personagem de novela: Twitter não é brinquedo, não!

#FicaDica, Duffy!

tweets polêmicos que foram postados no twitter de Marc jacobs

O homem é a nova mulher

Tenho visto por aí alguns sintomas de que a mistura entre os gêneros masculino e feminino está próxima de se romper.  O cartunista Laerte assumiu o crossdresser publicamente em matéria para a revista Bravo! e num vídeo em que fala sobre o assunto com naturalidade. Além disso, uma série de personalidades tem, sistematicamente, se montado para aparecer em capas de revistas. Marc Jacobs colocou perucão e salto alto para a revista Industrie; o ator James Franco fez a transex na Candy, com direito a batom vermelho e sombra azul; e Paulinho Vilhena abusou da estola de peles na publicação gay Júnior. 

O contraponto da aparente liberalização de costumes vem através da comovente entrevista concedida pela transexual Lea T. para Vivian Whiteman, na Folha de São Paulo. Lá, a bela modelo disse que “é apedrejada todos os dias”. Até quando, gente?

O estilista Marc Jacobs em foto de Patrick Demarchelier paraa capa da Industrie

O ator James Franco na capa da revista Candy, revista de moda e estilo pra transessuais, em foto de Terry Richarson

Paulo Vilhena posou para a revista gay Junior, vestido como o personagem que interpreta na peça “Hedwig e o centímetro enfurecido”

 
 

 

olho vivo

Vale a pena ver o vídeo da Lookonline.com feito pela editora-chefe Marilyn Kirschner, que fala sobre as coleções de outono-inverno 2009 do hemisfério norte.

Para quem não entende bem inglês, vou dar uma resumidinha aqui. Ela começa falando algo que parece um pouco óbvio, mas que é bom lembrar: para a maioria dos seres humanos normais (o que exclui mulheres de milionários que gastam 25 mil dólares em roupas por semana) a função dos desfiles é servir como uma inspiração, mais do que um guia prático de compras. Uma fonte de informação que cada um deve filtrar de acordo com sua própria visão e estilo.

Entre as novidades mostradas nas passarelas há sempre algo que vai definir a estação e que pode ser um acessório, uma combinação de cores, uma peça-chave, uma nova proporção, um clima ou uma idéia. A verdadeira sacada está em olhar com outros olhos, estar aberto para o novo.

Como o recente desfile (teatral e elogiadíssimo pela crítica) de Alexander McQueen, em que ele mostrou – sobre uma passarela de espelhos quebrados – versões recicladas de clássicos como o New Look de Christian Dior, os tweeds de Chanel, algumas ideias de Yves Saint Laurent e outras tantas próprias. Com essa encenação, ridicularizou o fast fashion, o consumismo e a eterna reinvenção de estilos e décadas. Além de mostrar algumas roupas sensacionais, é claro!

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Na passarela de McQueen, bocas de palhaço e roupas que parodiam épocas e estilos

E já que o estilista foi revirar o baú em busca de idéias, Kirschner sugere que façamos o mesmo: que sacudamos a poeira daquele um blazer com ombreiras pontudas dos anos 80. E que assaltemos o guarda-roupa do namorado, marido ou pai, em busca outra peça importante: o “camel coat”, ou mantô de lã camelo. Ele apareceu nos desfiles de Donna Karan, Dries Van Noten e Derek Lam, em versões desestruturadas e oversize.

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À esq., camel coat de Dries Van Noten, à dir., Donna Karan

Quanto a cores, a editora sugere observarmos a sofisticada mistura de tons de Dries Van Noten. ou, algo mais simples, o mix de pink com preto de Marc Jacobs, que pode ser usado em pequenas porções: uma fita amarrada no lugar do cinto, um acessório, ou até mesmo um batom rosa. E uma vez que o preto é uma cor onipresente, outra opção é incluir toques de vermelho, como fez Yohji Yamamoto.

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Acima, looks de Dries Van Noten, um colorista de mão cheia

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Aqui, o rubro-negro de Yohji Yamamoto e o rosa chiclete de Jacobs

E o grande destaque, em termos de renovação de conceitos, fica mesmo com Rei Kawakubo, da Comme des Garçons. Kirschner avalia que a estilista japonesa, apesar de fazer uma moda nada comercial, fornece grande inspiração com suas sobreposições. Não é preciso ser literal, basta pinçar  algumas ideias da passarela: amarrar um xale na cintura, por cima de leggins, colocar um vestido de trás para a frente, ou sobrepor uma parka militar a um vestido de festa.

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Proporções e sobreposições para poucos e bons entendedores

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Quem acompanha o blog deve ter percebido que ainda não comentei um único desfile desta temporada internacional. Bem… eu poderia culpar a falta de tempo (parcialmente verdade) mas, na real, ando sem vontade de me debruçar sobre o que tem acontecido nas passarelas do hemisfério norte. Daqui a pouco passa, se eu me empolgar com algum desfile memorável. Ou não.

Enquanto isso está todo mundo em polvorosa por causa da apresentação irônica do Marc Jacobs. Gostei do post escrito por Mario Mendes, no seu blog Grão Mogol. Leia aqui.