quem ama o feio?

A estilista Thais Losso (que já foi da Zapping, da Cavalera e da Sommer) acaba de lançar uma linha de camisetas sensacional, a começar pelo nome: “Ah! Isso Não Vende!”.

A micro-coleção deriva da sua participação no Projeto Container, durante o último Fashion Rio, quando Losso propôs um questionamento sobre os padrões de beleza, os conceitos de feio e bonito e a latinidade brasileira.

A minha favorita é a camiseta Tô Bete!,  ideal para aqueles dias em que a gente se olha no espelho, leva um susto, e se pergunta como foi que virou um personagem de uma novela mexicana.

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Para ver os outros modelos disponíveis, conferir as fotos (divertidíssimas, do fotógrafo Rogério Alonso, com cenografia do Estúdio Xingú) e fazer comprinhas online, visite o blog AH! ISSO NÃO VENDE!!! Os preços são amigáveis, entre R$ 67 e R$ 85.

A questão dos padrões de beleza cada vez mais irreais, o bombardeio de clichês imagéticos e seus efeitos sobre as pessoas –e especialmente sobre os adolescentes–são assuntos que considero relevantes para quem trabalha de forma responsável com qualquer tipo produção visual.

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[Camiseta masculina de Thais Losso, “O sorriso de Bete”]

Selecionei algumas manifestações artísticas que tratam do tema, para completar o post. Quem quiser dar sua contribuição, citando obras e textos interessantes, por favor, deixe um comentário que eu incluirei os links aqui, na medida do possível.

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[Low_res nyc outdoor advertising attacks mobile cam shots por Keke Toledo e Lu Krás, publicado na revista +Soma 007]

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Acima, convite da exposição do artista Peter de Brito na galeria Emma Thommas. O trabalho do artista consiste em auto-retratos que parodiam capas de revista e anúncios publicitários.

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[Aqui, obra de Peter de Brito]

Na revista dObras 04, de setembro de 2008, Cristiane Mesquita convida Deborah de Paula Souza para transcrever o texto da palestra que aconteceu em junho, durante o  ZigueZague, no MAM, evento paralelo ao SPFW. A conversa transversal, intitulada “Procuro-me: aparência e sensação de si”, reuniu a artista Lenora de Barros, a jornalista e estudante de psicanálise Deborah de Paula Souza e a consultora de imagem Ilana Berenholc.

Deborah trata do assunto pelo viés da psicanálise, num texto primoroso que merece ser lido integralmente. Como a dObras ainda não tem edição online, sugiro que os interessados comprem a revista, cujo conteúdo vale bem mais do que os R$ 29 que custa.

Deixo, aqui, um pequeno trecho, de aperitivo:

“O Eu é uma construção imaginária, feita na relação com nossos amores e tecido com a história de nossas escolhas. Sigmund Freud, criador da Psicanálise, dizia que o ego é uma espécie de mediador entre o inconsciente, as exigências da realidade e os imperativos do Supereu –que é um tipo de juiz interno. […] Ao considerar o inconsciente, a Psicanálise propõe que o Eu não é o senhor em sua própria casa. Freud chegou a compará-lo a um cavaleiro que pensa que vai onde quer, mas vai onde o insconsciente manda. Isso significa que uma parte de nós sempre nos ultrapassa. Também a aparência pode nos ultrapassar: ela revela muito de nosso inconsciente e pode funcionar como um lapso ou um ato falho; pode ser uma afirmação, um chiste, um ponto de exclamação, um vexame ou um flash: esta sou eu… no momento.”