velozes e antenados

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Só tem uma coisa que me dá tanto prazer quanto presenciar o surgimento de novos veículos de comunicação: ver um bom projeto do passado ser reeditado.

É o que acaba de acontecer com a OnSpeed –uma publicação pioneira do underground paulistano que circulou entre 1998 e 2001 e está de volta, agora em versão online.

Criada pelo jornalista Zeca Gutierres e pelo diretor de arte Jorge Morabito, a OnSpeed  fez história ao falar da cena fashion, musical e noturna da cidade. “Era uma revista diferente de todas as outras, com muita liberdade editorial, direção de arte sofisticada e um time de colaboradores talentosos”, diz Gutierres.

Marcaram presença constante nas páginas da revista, por exemplo, os stylists Paulo Martinez, David Pollack e Cesar Fassina; na fotografia, Cristiano, Thelma Vilas Boas, Debby Gram e Claudia Guimarães; no texto, Mário Mendes, Eva Joory, Guto Barra e eu, entre muuuitos outros nomes.

Para quem não teve oportunidade de conhecer, abaixo, quatro capas da versão impressa da OnSpeed. Créditos das fotos e do styling, em sentido horário: Claudia Guimarães/David Pollack, Cristiano/Cesar Fassina, Cristiano, Thelma Vilas Boas/Cesar Fassina

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Apesar do sucesso editorial, as dificuldades para bancar os custos do projeto eram constantes e, após a 19ª edição, Gutierres e Morabito decidiram interromper o trabalho. Em agosto de 2003 a dupla voltou à ativa com o Gibi Erótico, uma revista que envereda pelo universo da sexualidade através da arte, e teve, até agora, 5 edições.

“Como sempre estávamos às voltas com o problema dos custos de impressão, resolvemos ressuscitar a OnSpeed em versão online”, conta Morabito.  

Nesta primeira edição que acaba de estrear, a OnSpeed apresenta ensaios fotográficos de Cristiano, Renato de Cara, Rogério Cavalcanti, Hildebrando de Castro, Debby Gram e Paulo Bega. Além disso, dá para rever algumas matérias publicadas no Gibi Erótico e, na seção Galeria de Arte pode-se comprar fotos de vários artistas da galeria Mezanino.

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destilaria de imagens

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A revista inglesa Distill, que estreou nas bancas este mês, vem com uma proposta interessante e inovadora: pretende ser a bíblia das bíblias de moda.

Segundo o texto de abertura, escrito pelo editor-chefe Colin McDowell: “Distill é a destilação das melhores publicações de moda e estilo do globo.”

A idéia é que a equipe da Distill –que conta com colaboradores de várias áreas criativas, além da moda– vasculhe desde as revistas mais famosas até as mais obscuras, em busca de conteúdo estimulante e inspirador. 

Entre as personalidades que contribuíram com a primeira edição, temos os estilistas ingleses Giles Deacon e Matthew Willianson; a diretora de conteúdo da WGSN, Juliet Warkentin; o diretor do museu do Design de Londres, Dean Sudjico;  e… a estilista brasileira Lenny Niemayer, dona da marca de moda praia Lenny; entre outros!

Gostei muito da seleção das matérias e, sem dúvida, a possibilidade de comprar uma revista que aglutina referências provenientes de várias partes do mundo pode ser vantajosa do ponto de vista econômico. Se bem que a minha curiosidade –que me faz torrar uma boa grana, mensalmente, nas bancas de revista– certamente não irá se contentar com isso! A lista de compras vai é aumentar!

som na soma

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Acaba de sair a sexta edição da Soma, revista bimensal com distribuição gratuita, mais do que bacana. Este número, que comemora um ano de existência da publicação, além de conter uma série de matérias interessantes, vem com um CD de brinde. São 14 faixas inéditas de bandas/artistas brasileiros independentes, como Constantina, Kiko Dinucci e Bando Afromacarrônico, Fossil, Polara, Burro Morto e Parteum, entre outros. Eu confesso que não conhecia nenhum deles grupos e gostei muito do que ouvi.

Ficou com vontade de ouvir também? Não tem drama! Acesse o site da Soma e faça o download gratuito das 14 músicas!

Parentêsis rápido: quando comecei a trabalhar como produtora de moda, no fim dos anos 80, o transporte que as editoras Abril e Globo (na época, Rio Gráfica) disponibilizavam para a produção era a velha e boa Kombi. Por isso, adorei a homenagem da revista ao veículo cinqüentenário, que foi customizado por Binho Barreto, Chivitz, Estúdio Colletivo, Kultur Studio, Rui Amaral, Cristiano Trindade “Gota”, Fernando Ribeiro e Danielone.

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Acima, a “kombosa” na versão do Estúdio Colletivo

O que mais tem na edição? KL Jay (DJ do grupo Racionais MCs), o grande mestre Nelson Leirner, Eduardo Recife (artista gráfico que eu descobri graças a outra revista querida, a Zupi), Yo la Tengo, uma homenagem às costureiras, lindas polaróides feitas com filme SX70, as esculturas urbanas de Renata Lucas… e mais um montão de coisas!

Se vira pra arrumar a sua! A minha eu não dou e não empresto!

alimente a cabeça!

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Anote na agenda: dia 06 de junho acontece o lançamento da terceira edição da revista dObras. A bela capa, que você vê aqui, foi criada pelo artista plástico Sérgio Gregório.

No recheio: matérias sobre os figurinos no cinema de Hitchcock e nos filmes de ficção, por Mariane Cara e Vitalina Alves de Lima, respectivamente.

Marco Sabino fala sobre o trabalho hercúleo de escrever um dicionário de moda de 656 páginas!

Artigos acadêmicos de Fausto Viana (origens, simbologias e conseqüência do uso ritualístico dos paramentos religiosos).

Comentários sobre a moda argentina e a cultura popular por Laura Novik, pesquisadora internacional de origem argentina, radicada no Chile.

A potencialidade do ritmo em processos de significação de textos visuais é o tema do artigo de Sandra Ramalho e Oliveira.

E mais as colunas temáticas comandadas por Carol Garcia, Cristiane Mesquita, Gilda Chataigner, João Braga, Jofre Silva, Monica Moura, Rosane Muniz, Rosane Preciosa e Stephane Malysse.

 Em São Paulo: dia 06 de junho, das 19 às 24hs, na Livraria da Vila, alameda Lorena, 1731.

No Rio de Janeiro: dia 13 de junho, das 19 às 24hs, na Livraria da Travessa, shopping Leblon.

Mais informações: www.estacaoletras.com.br

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Já comprou a nova edição da revista dObras? A publicação quadrimensal, “de moda mas não só, acadêmica mas nem tanto” é leitura obrigatória para quem quer entender de moda, mercado e cultura.

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Neste número 2, você encontra:

* Uma matéria de Gilda Chataigner sobre José Ronaldo, um estilista carioca que fez muito sucesso nos anos 50 e 60.

* Um artigo de Maria Claudia Bonadio que responde à pergunta “Por que ler Roland Barthes?”, e seu hermético “Sistema da Moda”, publicado em 1967.

* A história de um acessório quase extinto: as jarreteiras, por João Braga.

* As conexões entre Moda e Arte, discutidas inicialmente no evento ziguezague, que continuam a repercutir no texto de Cristiane Mesquita.

* Os desencontros entre moda e mercado, tema do artigo de Tarcísio D’Almeida.

* A moda a caminho da sutentabilidade e sua ligação com a filosofia, são assuntos abordados respectivamente por Suzana Barreto Martins e Rosane Preciosa.

Paro por aqui, mas tem muitas outras coisas interessantes para ler e descobrir nessa edição. 

Fashionistas, dirijam-se às boas livrarias do ramo! E se tiverem alguma dificuldade em encontrar, ou quiserem fazer uma assinatura: vendas@estacaoletras.com.br

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A nova edição da U_MAG já está no ar!

Para quem não conhece, a U_MAG é uma revista virtual composta só por colagens. Ela é editada pelo ‘romeuuu’, um estudante de publicidade de 19 anos, que mora em Itajaí (SC) mas tem o olhar voltado para o mundo todo.

A revista é como um patchwork de referências que são sampleadas e retrabalhadas, ganhando novos significados. Nesta edição, entre as inúmeras imagens icônicas da cultura street fashion –em que figuram jovens e hypes–, saltam aos olhos as fotos de um casal  idoso em cenas de nudez amorosa, da fotógrafa holandesa Marrie Bot.

Nesses tempos de extrema sexualização e culto à juventude acima de todas as coisas, o vislumbre do sexo na terceira idade carrega um frescor e uma ousadia inesperados.

PS- Deborah de Paula Souza, uma amiga com visão ampla sobre o mundo humano, levantou uma questão importante, num comentário anexo. Como nem todo mundo tem o hábito de ler os comentários, e o que ela diz vai ao cerne da questão da vaidade, decidi publicar aqui: “Fui ver os velhos nus e fiquei esquisita: comovida, pensando em todos os meus preconceitos estéticos. Mas, mais que isso, no medo da velhice e da morte (que devem estar na base de todos os preconceitos estéticos que fazem o elogio da juventude e da beleza, apenas pelo pavor do resto…).”

 Clique na foto para acessar!

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bíblia da moda

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A nova edição da Pop já está nas bancas, com Sienna Miller irreconhecível na capa, graças ao make-up gráfico de Peter Philips.

E a revista está cheia de coisas interessantes, como o editorial de moda “Alice in India”, fotografado por Alice Hawkins, com edição de moda de Sam Willoughby.

A idéia da matéria (retratar a moda com pessoas comuns, numa locação exótica) não é nova, muitas publicações já fizeram isso. O que chama a atenção, aqui, é a qualidade da realização.

As roupas parecem se integrar aos personagens com perfeição, a ambientação é cuidadosa, e os retratos –quase todos em formato horizontal– revelam as sutilezas, a alma e a intimidade daquele mundo particular.

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Em tempo: Alice Hawkins participou de alguns projetos do SHOWstudio de Nick Knight, que você pode conferir aqui.

Mas nem tudo é imagem. A Pop tem entrevistas com dois dos estilistas mais celebrados do fashion sistem: Miuccia Prada e Marc Jacobs.

A nova geração também não fica de fora: é representada por uma matéria sobre JJ Hudson, o estilista da marca Noki, que desfila em Londres.

Os leitores mais atentos do blog vão se lembrar que o nome Noki já foi citado aqui, num post sobre a palestra de Lulu Kennedy, durante o Pense Moda. (Para quem não acompanhou o Pense Moda: Lulu Kennedy é a criadora do  Fashion East, evento lançador de talentos que acontece em Londres, paralelamente à London Fashion Week) 

Abaixo: retrato do estilista conhecido como Noki, a modelo Liya Kebede com look da marca (fotos de Alasdair McLellan/Pop), e desfile da Noki no último Fashion East (foto Marcio Madeira)

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som e imagem

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A nova edição da revista Visionaire –de número 53, cujo tema é SOUND– já pode ser encomendada pela internet. Desta vez a publicação vem embalada num case que acomoda cinco discos de vinil ilustrados, contendo cerca 100 horas de experimentos sonoros e músicas inéditas. Há ainda um carrinho Mini Cooper, dotado de  agulha e movido à pilha, que funciona como uma vitrola ambulante: toca o som conforme passeia pelo disco. Não é genial?

Agora dá só uma espiada na listinha “básica” de colaboradores:

Músicos David Byrne, U2, Michael Stipe, Courtney Love, Laurie Anderson, Cat Power, Adrock, Lee Ranaldo, Antony & the Johnsons, Thurston Moore & Kim Gordon (Sonic Youth), Malcolm McLaren, Ryuichi Sakamoto, David Sylvian, Andrew WK, Danger Mouse;

Artistas Yoko Ono, Cerith Wyn Evans, Helmut Lang, Christian Marclay, Doug Aitken, Robert Wilson, Gary Hill, Sylvie Fleury, Vito Acconci, Mariko Mori, Carl Michael Von Hausswolff; Bands The Knife, Littl’ans, Unkle, Animal Collective, SunnO))), Gang Gang Dance;

DJ’s Paul D. Miller (DJ Spooky), miss kittin, Trevor Jackson, Towa Tei, Nigo, Hiroshi Fujiwara;

Fashion designers Karl Lagerfeld, Alexander McQueen, Stefano Pilati; and many more…

Quem se animar com o mimo pode se preparar para desembolsar cerca de 250 dólares, mais a despesa de envio. E é melhor não marcar bobeira, afinal são apenas 4 mil exemplares numerados.

PINÇA CULTURAL

 Graças ao feriadão, finalmente consegui colocar em dia a leitura das minhas revistas nacionais favoritas: a Rolling Stone e a Piauí. Deixo aqui algumas sugestões de matérias que se destacaram, para o bem e para o mal, na minha humilde (porém firme) opinião:

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  Na Rolling Stone

*Até a presente edição, não tinha botado reparo na seção Vida Pop, escrita por Miguel Sokol. Adorei o tom mal-humorado do texto, muito bem escrito, sobre as popices do momento: o fenômeno Capitão Nascimento, o lançamento do disco do Radiohead (“Era o que faltava: ter que examinar minha consciência para comprar um disco.”), e o vídeo de sexo da Meg White (“Tá bronzeada demais para se ela. Volta. Mas é a cara dela! Volta. Mas não tem ritmo nenhum! Ritmo Nenhum? Então só pode ser a Meg White mesmo.”)

*Quem se preocupa com o aquecimento global e o destino do nosso sofrido planetinha, precisa ler a matéria “O Profeta”, de Jeff Goodell, em que o polêmico cientista James Lovelock dispara teorias alarmantes sobre o que nos espera. 

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Acima, James Lovelock em foto do acervo pessoal/R&S

 “Nosso futuro”, Lovelock escreveu, “é como o dos passageiros em um barquinho de passeio navegando tranqüilamente sobre as cataratas do Niagara, sem saber que os motores em breve sofrerão pane”. E trocar as lâmpadas de casa por aquelas que economizam energia não vai nos salvar. Para Lovelock, diminuir a poluição dos gases responsáveis pelo efeito estufa não vai fazer muita diferença a esta altura, e boa parte do que é considerado desenvolvimento sustentável não passa de um truque para tirar proveito do desastre.

*Para fincar os dois pés no chão e cair ainda mais na real, é bom ler a matéria “Vida Severina” de André Pessoa, sobre a realidade de Guaribas, cidade-símbolo do Fome Zero.

*Sobre a reportagem de capa sobre o Police: não vou ver o show e já estou com preguiça da superexposição midiática a que vamos ser bombardeados por causa da reunião do trio de roqueiros cinquentões, mas mesmo assim, li a matéria e recomendo.

*Quem viu o filme “Quase Famosos”, de Cameron Crowe, vai gostar de ler a lendária entrevista feita pelo garoto de 17 anos com uma das maiores bandas dos anos 70.

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*Já a matéria “Rainha do Veneno”, escrita por  Erik Hedegaard é de uma superficialidade apenas superada pela do próprio protagonista: o gorducho mais peçonhento da internet, que atende pelo codinome de Perez Hilton e publica o blog homônimo, recheado de fofocas e piadas sobre celebridades. Veja a figura na foto acima, de Peter Yang.

A matéria nos informa que ele foi uma criança obesa e preguiçosa que passava a maior parte do dia na cama, assistindo TV. No tempo restante era zoado pelos colegas por ser balofo e afeminado. Que ele tenha conseguido transformar sua frustração de outsider num blog de sucesso, que contabiliza 7 milhões de acessos e fatura algo em torno de 250 mil dólares, me parece mais um sintoma da nossa sociedade imagética doente, do que um antídoto. 

Dá para perceber que o culto à celebridade não é um assunto que me interessa muito, a não ser pelo viés crítico. Mas como tem muita gente que adora, cito algumas referências nacionais do gênero, como o Papel Pop editado por Phelipe Cruz, o Garotas Estúpidas e o Te Dou um Dado. Tinha também o Papel Pobre –uma paródia do blog de Phelipe Cruz, só que mais debochado– que fez muito sucesso em 2007 e era assinado por duas pessoas sob o codinome Katylene Beezmarky. O Papel Pobre chegou a contabilizar centenas de comentários em um único post, foi notícia em vários sites, mas foi deletado quando uma blogueira revelou a identidade de um dos seus criadores.

Enquanto isso…na revista Piauí

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*Se for para falar/fofocar sobre gente famosa, sugiro a leitura de “Leve, Alegre e Triste”, matéria de John Lahr  publicada na revista Piauí, contendo a segunda parte do diário do crítico inglês Kenneth Tynan (a primeira metade saiu na Piauí de outubro e também está disponível no site). Mesmo sem ter nenhum conhecimento prévio sobre o autor, achei o texto delicioso: ele revela não só a personalidade fascinante de Tynan, como as histórias bizarras e picantes de algumas das maiores celebridades de Hollywood do século 20, como Elizabeth Taylor, Richard Burton, Marlon Brandon, Gore Vidal e Noel Coward, entre outros.

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Acima, Kenneth Lynan (travestido de mulher,) e a esposa Kathleen

*A arquitetura carioca recebe homenagem de Danuza Leão e Fernando Serapião, na matéria “Morar à beira-mar”. Lindas aquarelas e relatos curiosos traçam o perfil da cidade.

* “Foco Distanciado”, de Dorrit Harazim, me fez ter vontade de conhecer a obra incômoda da cineasta e documentarista Maria Augusta Ramos, autora de “Justiça” de 2004 e de “Em Juízo” que deve estrear em março de 2008.

*Paro por aqui: como sempre, sobrou revista e faltou feriado. Quem sabe eu consiga terminar a Piauí no final de semana…Mas ainda quero ler a revista Dobras, há dias que não toco na “Trilogia de Nova York” do Auster, e pensei em começar um livro do Jonathan Safran Foer…

*E você? Quer dar umas dicas dica do que anda lendo? Deixe aí nos comentários!