o twitter e a moda

A revista Vogue Italia de dezembro nem chegou às bancas brasileiras mas já está “causando” nos sites de moda e de notícias. Tudo porque o editorial principal, assinado por Steven Meisel, se baseia na estética do Twitpic – ferramenta que possibilita compartilhar fotos no Twitter.

No editorial, Meisel envia uma mensagem dizendo que pegou gripe suína e pede que as próprias modelos façam as fotos com as roupas que está mandando.

É uma boa sacada, antenada com o que está rolando no mundo real e virtual, agora que as redes sociais explodiram em popularidade. No passado, Meisel já explorou esse filão, com editoriais no estilo paparazzi, em que fotografava modelos às escondidas, como se fossem celebridades pegas em flagrantes.

O interessante, no editorial inspirado no Twitter, na minha opinião, é o que ele diz sobre  o desejo de privacidade versus a vontade de exposição midiática, neste momento da sociedade.  A imagem de Gisele Bundchen se fotografando no espelho do quarto, cobrindo a barriga de grávida, com a legenda ” Privacy is beautiful”, é icônica. Ao mesmo tempo em que protege o bebê, Gisele desnuda quase totalmente sua intimidade, num ambiente que pode ser seu real refúgio. Ou não.

Os famosos, afinal, não querem ser esquecidos pela mídia. O que acontecerá com eles se o olhos das câmeras se retirarem de seus quintais?

Além disso, o editorial evidencia o aspecto colaborativo das redes sociais, considerado, pelos estudiosos da comunicação, como a maior revolução desde a invenção da imprensa escrita. Se o fotógrafo não pode comparecer, as modelos tomam seu lugar e produzem as imagens. Todo mundo pode ser autor e produtor de conteúdo. Saber se este conteúdo tem relevância e qualidade, já são outros quinhentos…

O que deixou intrigada, nessa matéria,  foi tentar  descobrir quais das imagens veiculadas foram realmente feitas pelas próprias modelos e quais foram produzidas pela equipe da revista. Até que ponto Steven Meisel abriu mão do controle da criação?

Teve gente que classificou a matéria da Vogue como revolucionária. Eu não diria isso. Se ela tivesse sido feita inteiramente via celular, e postada no twitter, ao invés de existir em versão impressa, aí sim, seria uma revolução! Por enquanto, foi só uma boa sacada.