do rio tietê para o museu

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Depois do desfile da Cavalera, às margens do Tietê, tive que correr para o MAM para mediar uma Conversa Transversal com curador Ricardo Resende e o pesquisador Marco Antonio Ramos Vieira. A conversa fazia parte da programação do Zigue Zague, evento que propõe a pensar a moda e suas várias conexões possíveis. 

 Foi muito interessante: Ricardo Resende falou sobre as exposições que realizou à partir da relação da moda com a arte –como a que reuniu roupas Walter Rodrigues e esculturas de Sérgio Camargo–, e Marco Antonio Ramos Viera leu um texto riquíssimo, redigido especialmente para a ocasião.

Assim que possível eu publico trechos, aqui!

marujos a bordo!

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Chove torrencialmente em São Paulo mas, pelo que me disse a assessoria de imprensa da Cavalera, o desfile programado para as 11 horas (daqui a pouco), às margens do rio Tietê, deve acontecer normalmente.

Parece que tem uma parte coberta no barco em que os convidados vão navegar. Mas algo me diz que é melhor vestir uma roupa impermeável, além da capinha de plástico fornecida pela grife, junto com o convite.

O tema do SPFW não é o caos urbano? Então, vamos lá! rsrsrsrs

tropeço

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O desfile masculino Fause Haten tinha começado bem, com uma cenografia impactante, composta pela projeção de imagens de flores na boca de cena, e trilha sonora com Pet Shop Boys. Mas a passarela escorregadia estragou tudo. Os modelos tiveram muita dificuldade de caminhar e, um deles, Maurício Bohac, chegou a cair. Levantou-se rapidamente e foi aplaudido pela platéia.

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Ficou difícil prestar atenção às roupas. No final, ao entrar para os agradecimentos, Fause Haten também derrapou.

corra, biti, corra!

A correria e o cansaço estão me impedindo de postar tudo o que eu gostaria. Tardo, mas não falho: logo que possível tem retrospectiva do Lino Villaventura, Reinaldo Lourenço, Vivienne Westwood e muito mais! Até já!

glamour máximo

Impecável o desfile de André Lima que acabou agora há pouco na Bienal (assim que puder eu publico fotos).

Formas arredondadas, triangulares e quadradas; drapeados, babados, e enrugados; saias volumosas e silhuetas justíssimas. Tudo superlativo, dramático e glamouroso, ao som da trilha sonora do DJ Zé Pedro, que mesclava Genesis e Nina Simone.

Os arranjos de cabeça criados pelo stylist Davi Ramos –com couro, tachas e penas– deram o tom exato de fetiche-chic.

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Pode ser que alguém diga que são roupas difíceis de usar, para ocasiões raras, galas e bailes que não fazem parte da realidade brasileira. Mas a única coisa que eu conseguia pensar durante o desfile era: se esta mulher não existe, precisamos inventá-la! E na verdade, acho que já ela existe, sim, tanto na vida real, quanto no desejo e no inconsciente coletivo de todos nós.

segredinhos

O lado bom de trabalhar há um tempão no mercado de moda, e conhecer todo mundo, é que você acaba tendo acesso a informações privilegiadas.

Um passarinho me contou algumas coisinhas sobre o desfile de André Lima, marcado para hoje às 21:15hs.

O estilista francês Ungaro é uma das inspirações. 

Um vestido preto, com muitas camadas de tecido — apelidado carinhosamente de “vestido samambaia”– deve arrasar.

Os arranjos de cabeça foram confeccionados pelo stylist Davi Ramos. Eles são feitos de couro, tachas e penas. Parece que tem um perfume de fetiche no ar!

E diz que a cenografia, a cargo de Marton, será incrível e terá muito carpete.

Pronto falei!

aula de matemática

 O desfile de Alexandre Herchcovitch começou ao som de “Born, Never Asked”  de Laurie Anderson. 

“It was a large room. Full of people. All kinds. And they had all arrived at the same buidling at more or less the same time. And they were all free. And they were all asking themselves the same question: What is behind that curtain?”  

[audio:BornNeverAsked.mp3]

Nada mais apropriado: todas as pessoas ali estavam mesmo se fazendo a mesma pergunta: O que há atrás da cortina?

E a resposta veio na forma de uma equação matemática que balaceava formas, volumes e cores de modo magistral. A começar pelo sapato com palito no salto.

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Passando também por xadrezes mixados com recortes de cetim, boleros armados tipo crinolina, cavas ovaladas, mangas de falso astracã, e muitos outros detalhes de modelagem, característicos do trabalho de Alexandre.

No final do desfile, uma última música de Laurie Anderson –“Language is a Virus”, inspirada na frase do escritor William Burroughs: “language is a virus from outer space”– sinaliza que o estilista comunicou sua mensagem. Agora a notícia vai se espalhar pelo mundo, como um vírus, à medida que o público, os jornalistas e os fotógrafos deixarem a sala.

Cusiosamente, uma outra marca já fez essa mesma associação entre a música de Laurie Anderson e as formas geométricas das roupas. Foi a Maria Bonita na estação passada, primavera-verão 2008. Na época eu fiz um post sobre moda e música, que você pode reler aqui.

Reveja a coleção de verão da Maria Bonita, no desfile que aconteceu em junho de 2007.

Talvez algumas pessoas fiquem tentadas a considerar que houve cópia mas, para mim, é mais uma questão de sintonia e de coincidência.

Gêmeos

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O macacão de Reinaldo Lourenço (à esq.) é irmão univitelino da calça da Zoomp.

supra sumo

A equipe fina-elegante-sincera do Chama Sabor Estúdio, que está colaborando com o Moda Sem Frescura nesta edição do SPFW, produziu mais um vídeo exclusivo. Desta vez eles saíram pela Bienal em busca da essência da moda.

 E sabe qual foi a conclusão a que chegaram? A mesma que a estilista estilista Vivienne Westwood expressou depois da leitura do seu manifesto. Confira agora!

A estilista inglesa complementou: “nós devemos nos vestir para expressar a imagem que fazemos de nós mesmos.”

E ainda contou uma história engraçada. Disse que comprou uma calça incrível para a netinha, e que ela foi visitá-la usando um jeans bem sem graça. Ao questionar a menina de seus 4, 5 anos, sobre o porque de não estar usando a calça nova, ouviu a seguinte explicação: “o importante não é a roupa que você usa, é você ser uma boa pessoa.”

Vivienne Westwood, obviamente não concorda com a garota!