ecos da africa

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Conheci Marcela Feola numa feira de moda e acessórios há alguns meses, quando ela mostrou a primeira coleção de vestidos e túnicas da marca African Echoes. Logo de cara, me apaixonei pelas peças coloridas e estampadas feitas com tecidos africanos trazidos da Nigéria, e postei até um vídeo, que você pode conferir aqui.

Neste sábado, dia 24, Marcela arma um coquetel de lançamento em torno de mais uma leva de peças charmosas e exclusivas. Para acompanhar, cercou-se de amigos e colaboradores que têm algo em comum com o continente africano.

A marca Musabamba, por exemplo, vai mostrar bolsas de tecido modeladas por fuxicos gigantes. A turma do site Radiola Urbana, especializado em música black, fica responsável pela trilha sonora. E Graziella Mattar vai fornecer ilustrações com estilo exuberante, entre naïf e tropicalista. Quer saber mais? Então vai lá!

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African Echoes: de 24 de novembro a 1º de dezembro, na rua Caiubi, 200, cj. 03, Perdizes. Horário: no domingo das 14 às 20hs, nos outros dias das 14 às 22hs. Tel. (11) 8387-2228

cemitério de elefante

As páginas abaixo foram publicadas na revista Vogue Brasil deste mês.

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Será que eu estou louca? Será que algum dispositivo diabólico me teletransportou no tempo e me fez acordar na década de 50, quando não existia consciência ecológica e matar animais selvagens era considerado très chic!?

Será possível que em pleno século 21 uma revista (mesmo uma revista de moda elitista, como a Vogue) acha que é OK publicar uma matéria de decoração mostrando a casa  de uma socialite, chamada Patrícia Parker, que tem uma pata de elefante que serve como banqueta na sala de estar? Além de uma série de outros bichos mortos e empalhados pela casa?

O texto da matéria, escrito por Juliana Pinheiro Mota, nos informa que até pouco tempo atrás os troféus de caça do marido eram mantidos nos corredores e no escritório do segundo andar da casa. “Em 2003 a história mudou. Patrícia resolveu aproveitar seu bom gosto nato e o interesse por decoração e tudo o mais ligado ao bem receber…Foi quando mergulhou de cabeça no mundo do décor que Patrícia descobriu-se apaixonada pela estética safári que hoje dá charme todo especial ao lar do clã Lovell-Parker.”

Diante de uma explicação tão clara confesso que fico sem palavras! A maioria das pessoas que se identifica com o estilo safári, em geral, se contenta com um tecido estampado de onça. Mas “gente coisa é outra fina”, não é mesmo?

Há ainda, na matéria, uma foto que decidi não publicar aqui, mas descrever: a anfitriã está sentada com as pernas casualmente cruzadas sobre um recamier coberto pela pele de uma zebra. Do seu lado direito, uma de suas filhas está de pé sobre a tal banqueta de pata de elefante. Do lado esquerdo, a outra filha está deitada encima de um armário e na parede atrás dela, vê-se uma pata gigantesca, não sei de que animal.

As três mulheres são bonitas, têm cabelos longos, como jubas vistosas. Na verdade, não me parece haver muita diferença entre elas e os troféus de caça.

PINÇA CULTURAL

 Graças ao feriadão, finalmente consegui colocar em dia a leitura das minhas revistas nacionais favoritas: a Rolling Stone e a Piauí. Deixo aqui algumas sugestões de matérias que se destacaram, para o bem e para o mal, na minha humilde (porém firme) opinião:

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  Na Rolling Stone

*Até a presente edição, não tinha botado reparo na seção Vida Pop, escrita por Miguel Sokol. Adorei o tom mal-humorado do texto, muito bem escrito, sobre as popices do momento: o fenômeno Capitão Nascimento, o lançamento do disco do Radiohead (“Era o que faltava: ter que examinar minha consciência para comprar um disco.”), e o vídeo de sexo da Meg White (“Tá bronzeada demais para se ela. Volta. Mas é a cara dela! Volta. Mas não tem ritmo nenhum! Ritmo Nenhum? Então só pode ser a Meg White mesmo.”)

*Quem se preocupa com o aquecimento global e o destino do nosso sofrido planetinha, precisa ler a matéria “O Profeta”, de Jeff Goodell, em que o polêmico cientista James Lovelock dispara teorias alarmantes sobre o que nos espera. 

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Acima, James Lovelock em foto do acervo pessoal/R&S

 “Nosso futuro”, Lovelock escreveu, “é como o dos passageiros em um barquinho de passeio navegando tranqüilamente sobre as cataratas do Niagara, sem saber que os motores em breve sofrerão pane”. E trocar as lâmpadas de casa por aquelas que economizam energia não vai nos salvar. Para Lovelock, diminuir a poluição dos gases responsáveis pelo efeito estufa não vai fazer muita diferença a esta altura, e boa parte do que é considerado desenvolvimento sustentável não passa de um truque para tirar proveito do desastre.

*Para fincar os dois pés no chão e cair ainda mais na real, é bom ler a matéria “Vida Severina” de André Pessoa, sobre a realidade de Guaribas, cidade-símbolo do Fome Zero.

*Sobre a reportagem de capa sobre o Police: não vou ver o show e já estou com preguiça da superexposição midiática a que vamos ser bombardeados por causa da reunião do trio de roqueiros cinquentões, mas mesmo assim, li a matéria e recomendo.

*Quem viu o filme “Quase Famosos”, de Cameron Crowe, vai gostar de ler a lendária entrevista feita pelo garoto de 17 anos com uma das maiores bandas dos anos 70.

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*Já a matéria “Rainha do Veneno”, escrita por  Erik Hedegaard é de uma superficialidade apenas superada pela do próprio protagonista: o gorducho mais peçonhento da internet, que atende pelo codinome de Perez Hilton e publica o blog homônimo, recheado de fofocas e piadas sobre celebridades. Veja a figura na foto acima, de Peter Yang.

A matéria nos informa que ele foi uma criança obesa e preguiçosa que passava a maior parte do dia na cama, assistindo TV. No tempo restante era zoado pelos colegas por ser balofo e afeminado. Que ele tenha conseguido transformar sua frustração de outsider num blog de sucesso, que contabiliza 7 milhões de acessos e fatura algo em torno de 250 mil dólares, me parece mais um sintoma da nossa sociedade imagética doente, do que um antídoto. 

Dá para perceber que o culto à celebridade não é um assunto que me interessa muito, a não ser pelo viés crítico. Mas como tem muita gente que adora, cito algumas referências nacionais do gênero, como o Papel Pop editado por Phelipe Cruz, o Garotas Estúpidas e o Te Dou um Dado. Tinha também o Papel Pobre –uma paródia do blog de Phelipe Cruz, só que mais debochado– que fez muito sucesso em 2007 e era assinado por duas pessoas sob o codinome Katylene Beezmarky. O Papel Pobre chegou a contabilizar centenas de comentários em um único post, foi notícia em vários sites, mas foi deletado quando uma blogueira revelou a identidade de um dos seus criadores.

Enquanto isso…na revista Piauí

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*Se for para falar/fofocar sobre gente famosa, sugiro a leitura de “Leve, Alegre e Triste”, matéria de John Lahr  publicada na revista Piauí, contendo a segunda parte do diário do crítico inglês Kenneth Tynan (a primeira metade saiu na Piauí de outubro e também está disponível no site). Mesmo sem ter nenhum conhecimento prévio sobre o autor, achei o texto delicioso: ele revela não só a personalidade fascinante de Tynan, como as histórias bizarras e picantes de algumas das maiores celebridades de Hollywood do século 20, como Elizabeth Taylor, Richard Burton, Marlon Brandon, Gore Vidal e Noel Coward, entre outros.

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Acima, Kenneth Lynan (travestido de mulher,) e a esposa Kathleen

*A arquitetura carioca recebe homenagem de Danuza Leão e Fernando Serapião, na matéria “Morar à beira-mar”. Lindas aquarelas e relatos curiosos traçam o perfil da cidade.

* “Foco Distanciado”, de Dorrit Harazim, me fez ter vontade de conhecer a obra incômoda da cineasta e documentarista Maria Augusta Ramos, autora de “Justiça” de 2004 e de “Em Juízo” que deve estrear em março de 2008.

*Paro por aqui: como sempre, sobrou revista e faltou feriado. Quem sabe eu consiga terminar a Piauí no final de semana…Mas ainda quero ler a revista Dobras, há dias que não toco na “Trilogia de Nova York” do Auster, e pensei em começar um livro do Jonathan Safran Foer…

*E você? Quer dar umas dicas dica do que anda lendo? Deixe aí nos comentários!

prato do dia

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“Se você é fã das estampas exclusivas de Adriana Barra e ainda por cima aprecia uma boa culinária, não pode ficar de fora dessa… Os restaurantes mais badalados de São Paulo criaram pratos em homenagem a estilista, considerada um dos maiores talentos da moda brasileira. E toda vez que você escolher um deles – feitos com dicas da própria homenageada – vai poder levar para casa um belíssimo prato de cerâmica da Oxford, estampado pela própria Adriana. A ação começa esta semana e é por tempo limitadíssimo. Os lugares participantes são os bistrôs Lê Poeme, ICI e Boa, e os bares Santo Antonio e Bar da Rua. Imperdível!”  Sugestão da Marise Lemos – Helena Augusta Assessoria  de Comunicação

Achei o prato lindo e fiquei curiosa para saber se as sugestões culinárias da Adriana Barra são tão exóticas e variadas quanto as suas estampas! Me deu uma fome…rsrsrs!

quase no ponto

Enquanto o primeiro ensaio de moda do MSF está sendo finalizado, deixo aqui uma “pista” do que virá…

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a fada madrinha dos jovens estilitas ingleses

 A primeira convidada do Pense Moda, nesta segunda-feira, dia 05 de novembro, foi Lulu Kennedy, criadora do projeto Fashion East (o nome é um trocadilho com a palavra fashionista, reparou?). O evento, que acontece em Londres simultaneamente à semana de moda inglesa, é responsável por apresentar 3 novos estilistas a cada estação.

 Na foto abaixo, Camila Yahn e Lulu Kennedy, à direita.

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Lulu Kennedy começou a palestra contando que sua formação acadêmica foi na área de Artes, que já trabalhou em galerias e que não tinha lá uma imagem muito boa do mundo da moda. Mas essa visão mudou depois que ela conheceu o trabalho do estilista Hussein Chalayan. Eles se conheceram quando Chalayan estava em busca de um galpão para ambientar seu desfile e Lulu o ajudou com a produção executiva.

Então ela idealizou o Fashion East, um projeto sem fins lucrativos, feito para ajudar os jovens estilistas a se lançarem no mercado. Para torná-lo viável, precisava de um grande patrocinador. A  Topshop a procurou e as coisas aconteceram.

Parêntesis: ou a moça tem sorte ou as coisas são diferentes na Inglaterra, né!? Porque as histórias que ouço envolvendo patrocinadores, aqui no Brasil, tem um tom melodramático. André Hidalgo, por exemplo, está sempre lutando, com grande dificuldade, para conseguir realizar a Casa de Criadores. Mas vamos em frente!

A seguir, Lulu ressalta a importância do apoio que recebe de jornalistas de moda como a poderosa Sarah Mower –que escreve para o Style.com e para a Vogue–, e Nicola Formichetti, editor de moda da revista Dazed&Confused. E atenção, todo o tempo e a expertise que estes profissionais dedicam ao evento não é remunerado!

“O aval deles é tão importante quanto o patrocínio financeiro, pois agrega credibilidade e atrai a atenção da mídia e dos compradores”, diz.

Neste momento, confesso que senti uma certa melancolia, pois lembrei que durante os 7 anos em que trabalhei como editora de moda de uma revista mainstream, só consegui publicar uma matéria sobre novos talentos! Não foi por falta de vontade ou de tentativas. Apenas, a direção da revista não considerava os jovens estilistas importantes, do ponto de vista comercial. Na minha opinião, esse racionínio é equivocado porque não leva em conta que eles são a matéria-prima do futuro.

Não vejo esse episódio como um acontecimento isolado, acho que muitas revistas brasileiras de circulação nacional ainda precisam se dar conta do seu papel no desenvolvimento do mercado de moda.

Confira, abaixo, alguns dos talentos que já participaram do Fashion East.

Cassette Playa: grife de moda masculina feita pela estilista Carri Mundane, com estética calcada em videogame e new rave.

 Noki: no desfile de primavera-verão 2008, camisetas de heavy metal convivem com vestidos de baile. Ele é uma excessão no evento pois já trabalha há 10 anos e, segundo Lulu, ainda vai participar da próxima edição do Fashion East, embora ela não tenha explicado de que forma isso vai acontecer.

noki-3.bmpFoto: Márcio Madeira/Vogue.com

Gareth Pugh: o novo queridinho do mundo fashion era considerado como um risco conhecido. “De antemão sabíamos que os críticos iam dizer que a roupa é teatral, que é para os clubes noturnos e não para as passarelas. Mas ele trabalha duro e é muito talentoso, então resolvemos enfrentar o desafio”.

E valeu a pena: Gareth Pugh foi catalpultado do underground para a fama e hoje, está em todas as revistas importantes da Europa. Veja aqui o desfile de outono-inverno 07/08, com direito a bastidores e entrevista.

No início da carreira, o designer enfrentou críticas severas. O barulho gerado pela imprensa, em torno do desfile, despertou a atenção de todos, mas Gareth não tinha nenhuma estrutura de venda. A imagem da passarela era tudo o que se podia consumir.

Se fosse aqui no Brasil, o que teria acontecido? Tenho a impressão de que ia ser comido vivo, não só pelos compradores, como pela imprensa de moda também. Será que teria conseguido uma segunda chance?

Ainda bem que os ingleses são mais tolerantes.

E ficam as questões: qual a função do desfile? Ele pode ser só uma manifestação pessoal do estilista, sem desdobramentos comerciais? É válido criar uma imagem fabulosa, só pelo desejo do sonho ou para quebrar alguns paradigmas? Opinem! 

DRAMA!

São 3:30hs da manhã de quarta-feira e acabo de perder um post gigante sobre o primeiro dia do Pense Moda. Ai, minha nossa senhora da internet, me ajude a recuperar este material!

as novas da moda

Nove da manhã: hora de correr para o Pense Moda, lá no Shopping Iguatemi. Hoje tem Herchcovitch falando do seu processo criativo e depois, Gareth Pugh, o enfant terrible da moda inglesa, vai nos contar sua trajetória do underground para o topo da moda.

Depois eu volto aqui e conto como foi, inclusive as conversas de ontem com a Geração Frescor e Lulu Kennedy, empreendedora do Fashion East, em Londres. Já, já!