Clo Orozco, sensibilidade e beleza eternas

Faleceu hoje, aos 60 anos, a estilista Clotilde Orozco, proprietária das marcas Huis Clos e Maria Garcia. Estou profundamente triste. Suas roupas pareciam conversar com a minha sensibilidade, fizeram parte da minha história pessoal e profissional, e ajudaram a formar minha identidade. Foi na Huis Clos da rua Mário Ferraz que tive meu primeiro emprego, em 1985, e mais do que isso, meu primeiro encantamento com a criação de moda. Além de lamentar a perda desta mulher e estilista maravilhosa, só posso agradecer por tudo o que ela fez pela moda brasileira.

Neste ensaio de moda, publicado originalmente em dezembro de 2007, aqui no Moda Sem Frescura, misturo peças várias coleções da Huis Clos, criadas entre 1986 e 2007, com peças esportivas de neoprene.  Ao republicá-lo agora, faço uma singela homenagem a Clo Orozco, por toda a beleza que colocou em nossas vidas.

Editorial de moda SURFGLAM do blog Moda Sem Frescura

 

SURF GLAM

Fotos: Rogério Cavalcanti
Edição de moda: Biti Averbach
Beleza: Raul Mello
Modelo: Andressa Fontana
Direção de arte: Jorge Morabito
Web designer: Billy Martins
Tratamento de imagem: Roberto Seba
Assistente de foto: Hugo Toni
Agradecimento ao Estúdio Bertram e a Mariana Cury

 

 

Editorial de moda: Paula Zago On Her Own

Fazia tanto tempo que eu não aparecia aqui, que tive que tirar umas teias de aranha do canto direito da tela, rsrsrs! Mas feito isso, decidi aproveitar a data, o Dia da Criança, para postar um ensaio fotográfico lindo que ganhei de presente!

Paula Zago, uma das minhas modelos favoritas, aparece aqui usando suas próprias roupas e um make-up incrível feito pelo talentosíssimo Raul Mello. As fotos são de Rogério Cavalcanti, que dispensa apresentações. A direção de arte, minimalista e elegante, ficou a cargo do querido romeuuu. O tratamento de imagem é da Premedia Crop e o assistente de fotografia foi Jorge Escudeiro.

Espero que vocês gostem tanto quanto eu!

Clique na foto para acessar o editorial!

[UPDATE: infelizmente o link para o editorial não funciona mais]

Imagem: a modelo Paula Zago em editorial de moda

A animação das imagens

A bobagem da semana, que me fez rir pencas, é o tumblr  Animated Albuns que dezenas de capas de discos animadas em gif.  Algumas são sensacionais, outras são bem toscas. Gostei especialmente do Gary Numan, Sebastien Tellier, Beastie Boys

E falando em gifs animados, achei genial a aplicação deste recurso no editorial de moda masculina Futur3 P3rf3ct, fotografado por Pamela Reed e Matthew Rader para a Contributing Editor, com o modelo Joan Pedrola.

Com o tempo, certamente veremos mais e mais editoriais de moda, publicados online, fazerem uso desse tipo de artifício. Aqui no Brasil, o primeiro editorial de moda com movimento, que eu saiba, foi feito por Rogério Cavalcanti para o site FFW, quando se chamava SPFW. Pena que não consegui localizar o link no novo site…

polavision

Arrumando gavetas, encontrei uma coleção de polaróides que abrange um longo período de tempo, em que trabalhei como produtora ou editora de moda na revista Marie Claire. Essas imagens, anteriores ao registro digital, além de trazerem ótimas lembranças, tem muito a ver com a minha visão de moda e estilo e, por isso, decidi compartilhar algumas aqui.

Acima: fotos de Cristiano Madureira, Rogério Cavalcanti, André Andrade, Feco Hamburger. Modelos: Alessandra Berriel, Mariana Weickert, Michelli Provenzi, Paula Guillen, Violeta Stoltenborg, Katarina Scola, Sabrina Lemiechek, Renata Klem, Juliana Martins, Barbara Fialho, Raquel Lieven.

Queria agradecer a todos os fotógrafos e modelos com quem já trabalhei, pois sem eles, essas imagens existiriam apenas na minha imaginação.

The end of the world as we know it

Linda a nova edição da U_MAG –revista online feita por Romeu Silveira– recheada de fotos de Rogério Cavalcanti, com Paula Zago como modelo e beauty de Raul Mello: The end of the world as we know it. Vai lá!

A produção de moda inclui roupas de Lino Villaventura e da própria modelo

Beleza atemporal

Cori Verão 2010 / Foto: Rogério Cavalcanti
Cori Verão 2010 / Foto: Rogério Cavalcanti

Cori Verão 2010 / Foto: Rogério Cavalcanti
Cori Verão 2010 / Foto: Rogério Cavalcanti

Acabei de receber o catálogo de verão 2010 da Cori e adorei! As imagens são belíssimas, tem um refinamento atemporal que, para mim, é a essência da marca.

As fotos são de Rogério Cavalcanti, a direção de arte ficou a cargo de Nani Kleebank, Alex Wink cuidou do tratamento de imagem, o styling é de Tomaz Souza Pinto e da equipe Cori. As modelos, que eu adoro, são Paula Zago e Carol Demarqui.

absolutely fabulous

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Foto: Rogério Cavalcanti

Hoje à noite,  dia 06 de maio, vai rolar a festa “In a Absolut Word”, patrocinada pela famosa fabricante de vodka. O local não poderia ser mais interessante, a Pinacoteca do Estado. Diz que Alex Atala vai relembrar os tempos de DJ no RoseBomBom, pilotando as pick-ups enquanto os convidados degustam um prato de sua autoria. Vou torcer para ele tocar tão bem quanto cozinha!

Acessando o site da Absolut, me deparei com a apresentação do projeto “In a Absolut Word”, que prega que qualquer um pode ser um visionário,  com poder de criar ações positivas que melhorem o mundo. Então decidi dar minha pequena contribuição.

No Meu Mundo Absoluto, a moda seria uma fonte de diversão e autoexpressão ilimitada. Qualquer um poderia criar as roupas mais mirabolantes e maravilhosas com o simples poder da mente. Não existiriam padrões de beleza, nem o culto às modelos e às celebridades, pois cada um seria admirado por suas particularidades. As roupas seriam ilusórias e impermanentes de fato e ninguém iria se importar com isso.  As fantasias mais loucas seriam construídas e realizadas em segundos. Você poderia se transformar em gueixa, fada ou dominatrix num piscar de olhos…

E você, como seria seu Mundo Absoluto?

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Acima, Alessandra Beriel por Cristiano Madureira / styling Biti Averbach

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Andressa Fontana por Rogério Cavalcanti / styling Biti Averbach

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Thana Kunen por Rogério Cavalcanti / styling Biti Averbach

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Janini por Daniel Malva / styling Biti Averbach

a vida secreta das fadas

É com imensa alegria que anuncio a publicação do segundo ensaio de moda exclusivo do blog.

“The Nature of Fairies” foi concebido em torno da mitologia das fadas –seres metafísicos que se situam entre o céu e o inferno. Uma entre as muitas lendas que envolvem essas criaturas diz que quando os anjos se rebelaram, Deus fechou os portões do céu. Aqueles que lá estavam, permaneceram anjos. Os que estavam no inferno, viram demônios. E os outros, seres intermediários, se tornaram fadas.

Gosto desse elemento de dualidade que reúne docilidade e fúria,  bondade e malícia, liberdade e restrição. Imagino que as fadas sejam capazes de fazer a ligação entre os humanos e a natureza, entre os nossos desejos e o acaso.

Para retratá-las, escolhi vestidos alados, tecidos quase imateriais e detalhes preciosos que simulam folhas e teias.

Clique na imagem abaixo para acessar o editorial. A seguir, clique na seta para iniciar o slideshow.

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Equipe
Fotos: Rogério Cavalcanti
Concepção e styling: Biti Averbach
Direção de arte e criação digital: Jorge Morabito
Tratamento de imagem: Adriano Damas (Damas Design)
Beauty: Eliezer Lopes (Glloss)
Modelo: Thana Kuhnen (Way Models)
Assistente de fotografia: Vitor Pavão

Agradecimentos infinitos a todos que participaram direta ou indiretamente da realização desta matéria: os estilistas Lino Villaventura, Gloria Coelho e Alexandre Herchcovitch, Estúdio Bertram, Mariana Cury e equipe, Fábio Resende

mais presentes de aniversário

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Foto: Rogério Cavalcanti

Texto inédito de Claudio Julio Tognoli: “Deus a la Carte”

Freud referia ser a religião uma vasta ilusão. Marx falava em ópio do povo. Carlos Drummond de Andrade em destilação  “dos ópios de emergência”. Jamais fui tocado pelo sentimento oceânico que deve ser a proximidade com o divino. Talvez o tenha, mas a memória seletiva dá conta da poda. Por outra: dá pra falar em pontuais epifanias. Aqueles momentos em que você acha que há algo além do óxido da rotina. Mas isso quase sempre ficou por conta da música. Todas as formas de arte aspiram à música, que não é outra coisa senão forma –notou Walter Pater, pai da crítica moderna, em 1877. Tudo isso para dizer que meu deus sempre foi a música.A bíblia diz que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. No começo do século 20, Bertrand Russell falava que era o contrário: o homem que criou Deus à sua imagem e semelhança. Seja  como for, nós humanos, que sempre condenados cães, por exemplo, como animais irracionais, ficamos de joelhos diante de um deus barbado, ou de um diabo espevitado. Damos credo a figuras antropomórficas. É difícil aceitar que o criador, ou o diabo que o valha, seja nada. Gostamos do que tem a nossas caras. Ou detestamos o que não tem as nossas caras: estão aí todo o deus e o diabo possíveis, portanto.  Socino, um monge medieval, foi condenado à fogueira porque dizia que deus era um ser que “estava aprendendo”. Os socinistas, agora, ficam felizes em ver, na física, aquela teoria da constante cosmológica, pelo qual o universo está em contínua expansão. Einstein acreditava nisso. Mas repudiava isso quando aplicado ao universo das micropartículas, quando cotejado com a chamada teoria do caos, pela qual elétrons podem ser, ao mesmo tempo, ondas e partículas. Foi por isso que escreveu “Meine Liebe Gott wurfelt nicht mit der welt”, ou “meu querido deus não joga dados com o mundo”. Gostei da frase quando a li. E a tatuei no peito, em alemão.Mas de lá para cá meu Deus teve dias que encolheu. Teve dias que se expandiu. Descobri que cada dia tenho um Deus: é um Deus pragmático. Cada dia colho nos vastos campos de letras, das minhas estantes, o Deus que me interessa. Teve dias que Deus era um insano. Teve dias em que Deus era o sorriso de minha filha. Teve dias que Deus era a luz do sol golpeando meus olhos. Teve dias que Deus estava morto. Teve minutos em que Deus em que Deus esperneou na minha frente. Kant falava que não podemos perguntar o que é Deus, mas como ele se manifesta. Religiões tentam responder o que é Deus, e por isso pecam. Mas o ser humano ainda não está preparado para ter o nada como resposta. Surfar o caos que é a vida dá trabalho. Destilar deuses de emergência parece ser “cool”. Ótimo: desde que meu Deus venha a la carte, e eu possa escolhê-lo de acordo com o meu humor. Mas tem dias que o que quero não consta do cardápio. Por isso ando emagrecendo.