10 looks para 2010

10 looks que vão influenciar 2010

Aproveitando o final de ano, fui rever os desfiles de primavera-verão 2010 do hemisfério norte para identificar tendências e possíveis influências nas apresentações brasileiras que estão por vir.

1. Uma das grifes mais copiadas no planeta fashion, a Balenciaga de Nicolas Ghesquière mostrou looks urbanos e atléticos, com um leve toque tribal visível nos sapatos e na maquiagem. As calças justérrimas, os tops com capuz e patchwork de listras, devem ganhar as ruas em versões mais acessíveis, feitas pelas redes de fast fashion.


O tribalismo atlético da grife Balenciaga
O tribalismo atlético da grife Balenciaga

2. As mulheres mitológicas de Alexander McQueen, oriundas de uma Atlântida platônica, usam vestidos curtíssimos com estampas digitais ultra sofisticadas. Peles de répteis e motivos marinhos são as padronagens que adornam o corpo da nova raça humana, na visão pós-apocalíptica do estilista.


A princesa submarina de McQueen
A princesa submarina de McQueen

3. Christophe Decarnin deve repetir o sucesso de suas últimas coleções para a Balmain, desta vez com casacos militares de ombros marcados, camisetas perfuradas a bala, calças skinny e vestidos que remetem a um estilo meio Pedrita, meio gladiador. É fácil visualizar o look rebelde glam, que reúne peças destruídas com outras enfeitadas, se alastrando no mercado de grande difusão como fogo num rastro de pólvora.


O militarismo sexy de Dercarnin, na Balmain
O militarismo sexy de Dercarnin, na Balmain


4. Mais uma inspiração primitivista, desta vez na passarela da Rodarte. Para compor o figurino de suas mulheres guerreiras, as irmãs Kate e Laura Mulleavy juntaram pedaços de materiais variados, como tecido, couro, renda, plástico e crochê,  criando drapeados elaborados, orgânicos. O luxo, aqui, tem aspecto de destruído, empoeirado, envelhecido.


Os andrajos chiques da Rodarte
Os andrajos chiques da Rodarte

5. Eu achava que nunca mais, nesta encarnação, conseguiria olhar para um lenço palestino sem sentir uma onda de tédio tomando conta do meu ser fashionista.  Mas Riccardo Tisci conseguiu recriar a padronagem do lenço keffiyeh de maneira espetacular, na coleção da Givenchy. Distorcida, a padronagem ficou meio psicodélica, e me lembrou os desenhos de M.C. Escher.


O lenço palestino, quem diria, foi desfilar na Givenchy
O lenço palestino, quem diria, foi desfilar na Givenchy

6. Até agora, todas as imagens selecionadas, embora diferentes entre si, tinham como denominador comum um tom de rebeldia apocalíptica. Mas os desfiles de primavera-verão do hemisfério norte também foram pródigos em feminilidade. E o da Lanvin é o exemplo máximo disso, com Alber Elbaz mostrando, mais uma vez, grande apuro técnico em peças com babados espiralados, bordados fabulosos e drapeados de gênio. Difícil eleger um look, entre tantos objetos de desejo, mas os macacões, ah…


O glamour impecável da Lanvin
O glamour impecável da Lanvin

7. Muita gente acha que Phoebe Philo merece o crédito por ter criado as melhores coleções da Chloé, entre 2001 e 2006, período em que substituiu Stella McCartney na direção criativa da marca. Agora, ela está a caminho de tirar a Celine do segundo time de grifes francesas. Esta sua segunda coleção na maison, de primavera-verão 2010, aposta num minimalismo acessível e impecável, com um toque utilitário e sedutor.


A Celine entra no primeiro escalão da moda, graças a Philo
A Celine entra no primeiro escalão da moda

8. Os drapeados e as referências militares, que apareceram em quase todas as coleções desta estação, se uniram para revitalizar os tradicionais trench coats da Burberry. A marca britânica, dirigida por Christopher Bailey desde 2001, mostrou muitas versões de seu icônico casaco, com drapês nos ombros, nas costas, nas saias. Por baixo,  os vestidos de tule de seda foram trabalhados com a mesma técnica.


A reinvenção de um clássico da Burberry
A reinvenção de um clássico da Burberry

9. Lauren Bacall foi o símbolo escolhido por John Galliano para resumir uma coleção calcada no glamour hollywoodiano. Apesar do trench coat ter dado as caras por aqui também, foi quando o estilista resolveu remexer na gaveta de lingeries que a coisa pegou fogo.  Sutiãs, ligas e badydolls se transformaram em vestidos luxuriantes, para femme fatale alguma botar defeito.


Luxo e luxúria na Dior
Luxo e luxúria na Dior

10. Escolher este último look, numa estação não muito inspirada, foi uma tarefa dura. Vi e revi os desfile uma dezena de vezes. Para não repetir a Lanvin (ah, aqueles drapeados…) e levando em conta que a volta do tailleur está em pauta, acabei escolhendo um look da Chanel. Não que eu não tenha gostado da coleção do kaiser Karl – que foi jovial e fresca, com transparências, rendas e texturas artesanais enfeitando as peças – mas é que não vi nada de tão inovador ali. Foi bonitinho, e só.


O tailleur Chanel: para menores de 21 anos
O tailleur Chanel: para menores de 21 anos

cenas de uma estação

fotosite-chanel

Marcelo Soubhia, excelente fotógrafo que é gente finíssima e criou a Agência Fotosite, acaba de publicar um slideshow com as imagens feitas durante os desfiles internacionais de primavera-verão 2010, em setembro e outubro. Vale a pena conferir a magia da passarela captada por seu olhar apurado.

fotosite-dior

blog novo no pedaço

A editora de moda Flavia Lafer -para quem não conhece, uma profissional com sólida carreira na publicidade, e contribuições para revistas como Vogue Brasil, Quem e Criativa- agora tem um blog.

Criado em dezembro de 2008, o blog tem posts bem legais como o que fala sobre as jóias minimalistas do estilista Martin Margiela; os tricôs do brasileiro radicado em Londres, Lucas Nascimento; a bolsinha com forma de matryoshka da Chanel, usada por Lily Allen. Ou a marca COS – que anda fazendo sucesso na Inglaterra, Alemanha, Holanda, Bélgica e Dinamarca- e pertence ao mesmo grupo que a H&M.

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Peças minimalistas da COS, por enquanto, só em alguns países da Europa.

siga a trilha!

Notícias fresquinhas direto de Paris: Augusto Mariotti —diretor de conteúdo do SPFW que está na Cidade Luz fazendo cobertura da semana de moda– comentou, por email, as trilhas sonoras dos desfiles que mais gostou:

 Chanel: “o top DJ Michel Gaubert* –conhecido por fazer as coletâneas dos CDs da Colette– começou com Our House do Madness, depois veio Friendly Fires com Paris e Ladyhawke com Paris is Burning. A coleção prestava homenagem a Paris e essas músicas foram perfeitas, além de darem frescor à apresentação”.

Aqui você escuta Paris is Burning da LadyHawke, remix de Cut Copy

[audio:LADYHWKParisIsBurning]

Abaixo, o vídeo de Our House do Madness, mais pop impossível!

*Para saber mais sobre Michel Gaubert, DJ disputado por marcas como Balenciaga, Proenza Schouler, Rodarte, Nina Ricci, Jil Sander, Raf Simons, Gucci, Yves Saint Laurent, Viktor & Rolf, entre outras; leia a entrevista publicada na Hint.

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Acima, look Chanel, foto de Alessandro Lucioni/Style.com

Gareth Pugh: “outra trilha que adorei, super electro, dark e com batida marcada. A música era um remix de Goodbye Horses do Q Lazzarus.” Que você ouve a seguir!

[audio:goodbyehorses.mp3]

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Entre conceitual e comercial, imagem de Gareth Pugh, feita por Alessandro Lucioni/Style.com

Christian Dior: “o DJ Jeremy Healy começou com uma faixa nova do Martin Solveig, meio electro-house; daí veio MGMT com o remix do Justice para Electric Feel e fechou com She wants to move do N.E.R.D.”

 Clique na barrinha abaixo e ouça o delicioso remix do Justice para Electric Feel:

[audio:mgmteletricfeel]

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Galliano paga tributo a Alaïa, na passarela da Christian Dior. Foto: Alessandro Lucioni/Style.com

fim do intervalo

Estive super ausente do blog nas últimas semanas, mas agora retomo a atividade com vontade e energia redobradas!

Para recomeçar, já que estamos em plena temporada internacional de moda, assista ao vídeo da neozelandesa LadyHawke, cantando Paris is Burning –música fez parte da trilha sonora do desfile de primavera-verão 2009 da Chanel que aconteceu ontem, dia 3 de outubro, em Paris.

Para transportar a platéia até o lendário atelier da rue Cambon, Karl Lagerfeld mandou construir, no Grand Palais,  uma réplica em tamanho real da famosa fachada. Na passarela transformada em rua, as modelos desfilaram um pouco de tudo que representa o espírito de mademoiselle Coco: tailleurs de tweed, lindos vestidos de cocktail, detalhes de correntes,transparências e camélias. No final, entretanto, uma turma de rapazes encarnava fielmente o estilo pessoal do Kaiser Karl.

Para ler a crítica do desfile feita pela top jornalista Sarah Mower, clique AQUI.

Se você gostou do som da Ladyhawke e ficou com vontade de ouvir mais, visite o MySpace da moça.

[fotos: Alessandro Luciono/Style.com]

caracol

Olha que legal este novo projeto da Chanel! Descobri no blog recém-inaugurado, Por Uma Boa Arquitetura, do arquieteto Renato Salles.

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“Foi inaugurado neste mês, em Hong Kong, o Container de Arte Contemporânea Móvel da Chanel, com projeto da arquiteta iraquiana Zaha Hadid. Lançado na Bienal de Arte de Veneza do ano passado, finalmente o projeto abre suas portas e começa seu tour de 2 anos pela Ásia, Europa e América do Norte. Partindo da iniciativa do inventivo Karl Lagerfeld, e unindo-se à uma das mais criativas arquitetas atuais e mais de 20 grandes artistas plásticos, o pavilhão é uma grande experiência sensorial e espacial, em busca do estranhamento e a novidade de quem visita um país novo. Partindo da forma espiral constantemente encontrada na natureza, os espaços são fluidos e dinâmicos, e a exposição se desenrola em um fluxo centrípeto, levando a uma área de eventos no centro. A sensualidade escultural do edifício é conseguida graças a novos softwares de modelagem que oferecem fluidez no processo compositivo, e que têm respaldo das técnicas manufaturadas na hora da construção. As peças têm no máximo 2,5m de largura para facilitar sua desmontagem e transporte.


Zaha foi escolhida exatamente por quebrar com a estética pós-Bauhaus dominante até os dias de hoje de repetição de peças industriais ordenadamente, criando poesia com a arquitetura.” Por Renato Salles

A relação entre moda, arquitetura e arte foi citada hoje no Fashion Marketing, na primeira palestra do dia, com Maurizio Borletti, das lojas de departamento Printemps e da Rinascenti. Depois eu conto mais! 😉