O fio da meada de Helen Rödel

Look da coleção Estudos MMXI de Helen Rödel

Nas mãos da estilista Helen Rödel –especializada em trabalhos manuais como crochê e tricô– o fio e o pensamento se entrelaçam, tecem reciprocidades e belezas para o corpo. Das laçadas concentradas, pacientes, brotam pontos pipoca que possuem a simetria das células, a textura das paisagens vegetais. Impossível não se encantar com a poesia que se materializa em forma de veste, de rede, de trama.

Franjas de canutilhos fulguram. Esculturas de madeira, semelhantes a vértebras –feitas pelo artista plástico Mauro Fuke– adicionam significados. A vida e a criação se fundem. O estímulo das cores segue uma lógica concretista. Surge a imagem de uma Lolita neotropicalista. Emocionante!

Mais detalhes no belíssimo vídeo sobre a obra Estudos MMXI, de Helen Rödel, que foi apresentada no evento Dragão Fashion de Fortaleza, em abril de 2011.

“A feitura das peças requer muita energia e concentração. É como se o cerebro se dividesse em dois. Sendo que uma parte coordena o tecimento, e a outra, a livre fruição do pensamento. Eu gosto de pensar nessa quantidade de pensamentos e ideias que habita cada ponto tecido.” Helen Rödel

O sabor dos sonhos

Adorei Taste my Dream, o novo ensaio de moda da revista onSpeed. Achei um ótimo exemplo da utilização de recursos multimídia numa matéria de moda. É incrível como ainda é raro ver projetos na internet que se libertem da linguagem estática e plana do papel.

UPDATE: infelizmente, o link interativo não está mais disponível. A onSpeed deixa saudades <3

Cena do editorial multimídia Taste My Dream
Fotos: Fernanda Preto
Realização: Ganzaro, Leo Proença, Godiva Art Studio

Novo filme da D’Arouche

Já está no ar Reflexion, novo filme da D’Arouche, marca urbana e cool de David Pollack e Carolina Glidden-Gannon. Peças sofisticadas de moletom, malha e seda contracenam com rendas finíssimas e arranjos funéreos de flores, num clima denso e misterioso. Confira no site ou na loja!

A D’Arouche fica na alameda Franca 1349, tel. 11 3083-0144, Jardins, São Paulo, SP

Look de outono-inverno 2011 D'Arouche

Cabelo é roupa

Tempos atrás, a marchinha de carnaval dizia: “O teu cabelo não nega mulata, pois és mulata na cor…”. Por volta de 1990, Gal Costa cantava: “Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada. Quem disse que cabelo não sente, quem disse que cabelo não gosta de pente. Cabelo quando cresce é tempo, cabelo embaraçado é vento”Itamar Assunção, por sua vez, em 2004, entoava: “Eu tenho cabelo duro, mas não tenho miolo mole. Sou afro-brasileiro puro…”

Folheando meus arquivos, encontrei uma foto publicada na revista i-D em 1997, de um look de Alexander McQueen feito de cabelo. Isso me remeteu imediatamente aos desfiles das marcas FH por Fause Haten e Melk Z-Da do inverno 2011.

 

Look de Alexander McQueen na revista i-D / dezembro de 1997
Look de Alexander McQueen na revista i-D de dezembro de 1997
Desfile FH por Fause Haten - inverno 2011
Desfile FH por Fause Haten / Inverno 2011
Desfile Melk Z-da / inverno 2011
Desfile Melk Z-da / Inverno 2011

Sonho fashionista

Vale a pena rever o curta do cineasta Mike Figgis para a coleção H&M Lanvin. Para quem não sabe, Figgis roteirizou e dirigiu o filme Leaving Las Vegas, com Nicolas Cage e Elizabeth Shue, lançado em 1995. E olha que  curioso: nos anos 80,  foi tecladista na primeira banda de Brian Ferry.

Meu anel de diamantes

Adorei a simplicidade e o aspecto lúdico dos anéis da Betty+Cash, marca da designer australiana Jessica McMullen. Feitos de prata, eles custam 125 dólares cada, mais 25 dólares pelo envio.

aneis da marca Betty+Cash da designer Jessica McMullen
My Diamond Ring

Roupas e sonhos de Yohji

Está aberta a temporada de festejos em torno do japonês Yohji Yamamoto –um dos meus estilistas favoritos de todos os tempos.

O designer é tema de 3 exposições em Londres: uma grande retrospectiva no museu Victoria & Albert, que cobre os 30 anos de carreira exibindo 60 roupas, vídeos e depoimentos de colaboradores como Nick Knight e Win Wenders, entre outros.

E duas outras na galeria Wapping Project, com foco na questão imagética e na colaboração de Yamamoto com Paolo Roversi,  Peter Lindberg, Inez van Lamsweerde e Craig McDean.

Além disso, Yamamoto completa 10 anos de parceria com a Adidas –para quem desenha a marca esportiva Y-3– e comemora com o documentário, “Yohji Yamamoto: This is My Dream”, dirigido por Theo Stanley. Confira cenas do filme e uma entrevista do estilista no site Nowness.

“Eu não estou interessado na moda, em geral,  mas sim no corte das roupas”, diz Yamamoto.

Quem não puder conferir essas atrações in loco tem a opção de assistir em DVD ao filme de Win Wenders, “Notebook on cities and clothes”, ou “Identidade de nós mesmos” na versão brasileira.

Muito justo para o futuro?

Por 150 anos, o terno foi o traje do homem de negócios que se preza. Mas, e na era dos ambientes de trabalho criativos e do home office, há futuro para o bom e velho costume?

Este foi o ponto de partida para a matéria que escrevi para a Época Negócios deste mês (março de 2011), a convite do diretor da revista, Nelson Blecher. Confira a seguir!

Símbolo de poder, força, sobriedade, elegância e virilidade, o terno é capaz de inspirar confiança e definir o lugar em que o homem se encaixa na sociedade. Padres, médicos, juízes e outras autoridades têm usado vestimentas escuras e camisas brancas para inspirar lisura e impor respeito há pelo menos 150 anos. Durante muito tempo, pouca coisa mudou na estrutura da roupa de trabalho masculina, composta por paletó, colete e calça, feitos do mesmo tecido. Aliás, é bom lembrar que a palavra “terno” refere-se a este trio; quando não há colete, a palavra correta é costume. Desde a revolução industrial, nos séculos 18 e 19, até os anos 80, no apogeu da cultura yuppie, era impensável que empresários importantes recebessem clientes em mangas de camisa.

Não há dúvida de que a mudança da cultura corporativa que vem acontecendo nas últimas três décadas – que tem como tônica valorizar a inovação e a informalidade em oposição à tradição e ao formalismo – abriu espaço para um novo código de vestuário. A uniformidade dos ternos sóbrios tem perdido espaço para visuais mais lúdicos e criativos. Em certa medida, pode-se dizer que essa possibilidade de personalização por meio do vestuário sinaliza o triunfo do indivíduo sobre a corporação. Isso vai ao encontro das vivências da Geração Y, que… (Quer continuar lendo? Compre a revista na banca mais próxima ou acesse o site da revista ).

CONTEÚDO EXTRA – EXCLUSIVO

Leia, abaixo, a entrevista com Paolo Ferrarini, consultor sênior que trabalha com estéticas emergentes e comportamentos digitais, e conduz projetos de pesquisas em áreas como moda, tecnologia, comunicação e varejo, no Future Concept Lab, em Milão, na Itália.

Como a chegada das novas gerações ao poder irá influenciar o traje corporativo? Haverá espaço para mudanças radicais nos próximos 10 ou 15 anos? A formalidade será abrandada, ou mesmo substituída por outros valores?

Paolo Ferrarini: Não haverão mudanças radicais, mas sim um trabalho cada vez mais intenso nos detalhes de confecção e suas particularidades de estilos. Um bom exemplo, que já podemos ver hoje, está no estilo presente em revistas cult para os globetrotters, como a Monocle. Não estamos diante de códigos uniformes e internacionais, mas altamente pessoais, que tendem a uma roupa única, personalizada!

Pode-se dizer que alguns itens, como a gravata e a camisa social, estão com os dias contados?

PF: Absolutamente não. Estas serão as maiores áreas de experimentação e busca de personalização.

A ascensão das mulheres aos altos cargos corporativos levou-as a copiar o traje masculino, adotando ternos e tailleurs como vestimenta no trabalho. Existirá espaço, no futuro, para uma feminização dos trajes? Ou a feminilidade ainda tende a ser vista como antagônica ao profissionalismo?

PF: A fusão dos gêneros ainda não aconteceu totalmente e não acontecerá no futuro próximo: o cuidado e a atenção que dispensamos ao nosso corpo é semelhante para o homem e a mulher, mas está levando a acentuar as nossas singularidades. O mesmo acontecerá nas roupas de trabalho: as diferenças de gênero serão elementos de distinção e irão sublinhar os respectivos pontos de força. Estamos agora muito distantes da working girl dos anos 80, que procurava imitar o homem para reinvidicar o seu papel social. Mas ainda estamos distantes do metrosexual, de um homem que quer a todo custo mostrar-se doce e sensível.

Elle Fanning no filme da Rodarte

Preste atenção neste círculo virtuoso:

A lindinha Elle Fanning –jovem atriz de “Somewhere”, filme dirigido por Sophia Coppola, atualmente em cartaz nos cinemas de São Paulo– é também a protagonista do curta-metragem de Todd Cole, The Curve of Forgotten Things, que estreou hoje no site NOWNESS. O curta faz referência à coleção primavera-verão 2011 das irmãs Kate e Laura Mulleavy, da Rodarte –por acaso, as mesmas estilistas que criaram o figurino de “Black Swan”, dirigido por Darren Aronofsky, que também pode ser visto nos cinemas da cidade.

Não é a primeira vez que Todd Cole e a Rodarte se unem num projeto. Em 2010, o trio realizou o filme Aanteni, com a modelo Guinevere Van Seenus.